A palavra "vocação" remete a um chamado para desempenhar atividade específica, geralmente ligada aos conceitos de aptidão e talento. Mas será mesmo que existe aquilo que estamos destinados a fazer? O termo "vocação" associado à escolha de carreira pode ser uma armadilha.
Infelizmente, não é raro conhecermos pessoas que não se identificam com sua profissão, mesmo tendo passado pelos conhecidos “testes vocacionais". A pressão por escolhermos rapidamente faz com que busquemos a alternativa que dê a resposta mais rápida.
Geralmente, a partir de perguntas sobre preferências e comportamentos diante de situações específicas, são sugeridas opções de carreira. Um primeiro problema é que muitas pessoas buscam por testes disponíveis na internet, os quais são carentes de fundamentação científica e, portanto, não são confiáveis ou eficazes. Um outro ponto é que determinados testes são ultrapassados e consideram uma gama de carreiras muito limitada diante das opções que temos atualmente. Outra questão negativa é o uso isolado de testes, ignorando a individualidade de cada um e tentando categorizar as pessoas e as profissões de forma rígida.
Imagine alguém que passe por um teste vocacional e não se identifique com nenhuma das sugestões de profissão colocadas? Aqui temos um exemplo claro do quanto isso é contrário ao que se propõe a orientação profissional.
A escolha profissional deve ser feita a partir de um processo de construção e reflexão. Assim, a orientação profissional se afasta da lógica do "vocacional" à medida que foca em motivações, valores, aspirações, influências, expectativas futuras, rotina de trabalho, necessidades de formação, análise do mercado de trabalho e oportunidades existentes dentro do contexto.
Em um processo de orientação profissional, caso seja utilizado algum teste, é importante que seja validado cientificamente. Além disso, o objetivo dessa utilização não é fornecer uma resposta pronta, mas sim incentivar a exploração do autoconhecimento e a discussão das possibilidades. Resumindo, o teste é apenas uma das ferramentas que podem ser utilizadas nas sessões de orientação profissional, existindo uma variedade de outras técnicas focadas no auxílio ao processo de escolha.
O papel do orientador é fornecer apoio e facilitar o processo de escolha, para que o orientando possa tomar uma decisão com autonomia e confiança.
Hoje encontramos diversos trabalhadores frustrados e angustiados com suas carreiras e nos perguntamos: Será que isso não poderia ser evitado a partir de escolhas mais conscientes, fundamentadas em um processo completo de orientação profissional?
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